terça-feira, 7 de outubro de 2008

AQUI ESPECIAL – RENASCE A DC BRASIL

SUPERMAN 70

Após meses de especulações, o advento da nova linha DC Comics no Brasil, pela Panini, não decepcionou. Desmentindo boatos de que todas as revistas de linha seriam resetadas e voltariam ao zero, Superman, Batman e Liga da Justiça chegaram às bancas no mês de setembro, com o número 70 estampado e a chamada "A Nova DC Começa Aqui" na capa. Ao lado de Dimensão DC - Lanterna Verde, Novos Titãs, Contagem Regressiva, Prelúdio para Crise Final e Superman & Batman, a Trindade inicial presenteou leitores fiéis com brindes e a promessa de uma renovação.

No título do Homem de Aço, o roteirista Kurt Busiek e o ilustrador Rick Leonardi quebraram barreiras cronológicas e atacaram sem piedade os sentimentos de amizade, um amor maduro de Clark Kent por Lois Lane e a própria condição do Superman no universo. Jimmy Olsen, o fotógrafo e melhor amigo do herói, ganha tratamento especial, com origem recontada e novos desdobramentos, e a saga "Contagem Regressiva" diz a que veio. Busiek introduz também um novo legado kryptoniano, que prepara o gancho perfeito que levará a "Casa de El" em novo rumo pelo cosmo. Destaque merecido e digno de elogios para a nova fase da simpática Supergirl, ainda mais linda e apaixonante no traço do brasileiro Renato Guedes.


BATMAN 70

Algo pode ser dito quando Grant Morrison assume um título de super-heróis do Universo Original: todas as regras pré-estabelecidas deixam de ser seguidas. Em Batman, Morrison e J. H. Williams repetem a parceira de "Os Sete Soldados da Vitória", narram o encontro dos múltiplos Batmen que existem ao redor do globo e introduzem uma trama de mistério e suspense. É uma forma de revisitar conceitos da Era de Prata, bem como validar todas as versões já existentes e contraditórias de um mesmo personagem e cumprir sua promessa de que destruiria definitivamente a figura desgastada de Frank Miller. É o Batman que Morrison já trabalhava em 52, LJA, Asilo Arkhan e Gothic. São todas as suas versões coexistindo. E ele sabe o que está fazendo.

A revista do Homem Morcego conta ainda, nesta edição especial e comemorativa, com a presença do ex-menino prodígio, o primeiro Robin, Dick Grayson, o Asa Noturna. Sob o lápis de Marv Wolfman, o líder definitivo dos Titãs e de toda uma geração de heróis, infelizmente, não vive sua melhor fase. Devido a equívocos editoriais, covardia de quem deveria ser mais sábio e o intento de divulgar a revista de um personagem de terceira, Grayson saiu perdendo. Mas agora que foi divulgada uma nova série televisiva estrelada pelo personagem, isso deve mudar. A irresistível Mulher-Gato, desnecessário repetir, continua provocando nos leitores o que faz melhor.


LIGA DA JUSTIÇA 70

A maior superequipe do Universo DC, reinventada pelo escriba Brad Meltzer, chega num momento de transição emblemático de uma fase da editora que está para ser desvendada. Superman, Batman e Mulher-Maravilha tiveram seus pés fincados em rocha sólida como a Trindade sobre a qual todas as fundações desse Universo Fantástico são erguidas, com tudo girando ao redor deles, passado, presente e futuro coexistindo e um desenhista brasileiro deixando sua marca. Ed Benes, hoje uma instituição sagrada nos quadrinhos, permeia as histórias de super-heróis com a sensualidade irresistível de belas formas femininas como outros artistas seriam incapazes de fazer.

Geoff Johns, Alex Ross, e toda a equipe de criadores envolvidos com a nova Sociedade da Justiça da América, a equipe original dos quadrinhos, na qual todas as outras se miram, continuam a não fazer concessões ou permitir que o leitor tome fôlego entre uma página e outra. Se um dia foi dito que a SJA deveria ficar no passado porque uma série com heróis do tempo da 2ª Guerra Mundial sequer andaria com os próprios pés, Johns metralha quem estiver à sua frente com ação dilacerante, o confronto de gerações, prazer e dor na manutenção de uma tradição histórica em que o ideal do bem é inquebrantável. E ainda Mark Waid retoma a série do Flash e seu alter ego Wally West, consertando falhas editoriais e provando novamente a máxima: Waid, Wally, e todos os West nasceram para correr.


CONTAGEM REGRESSIVA 3

Uma revista de super-heróis precisa seguir princípios básicos de qualquer revista para funcionar corretamente. Entre eles, coerência interna, respeito ao universo do qual faz parte e, sobretudo, os próprios elementos essenciais que constituem uma história. "Contagem Regressiva" parece ignorar tudo isso e não à toa sofreu ataques constantes de público e crítica. Inserir cenas de personagens que morrem e ressuscitam divagando sobre a imprecisão de um universo ficcional tirou do sério até os mais fervoroso fãs. Há um ponto de redenção, contudo.

"Contagem Regressiva", como fica evidente no funeral de Bart Allen (Ex-impulso), resgata uma força única do Universo DC. Quando eventos contraditórios e sem razão nenhuma de existir ficam impressos numa revista significativa e movimentam fãs em todas as direções, regras deixam de valer. Essa é a DC Comics que sempre existiu, se multiplicou, explodiu e logo depois implodiu, que agora renasce brasileira, sem que nada no universo a detenha.


DIMENSÃO DC – LANTERNA VERDE

O mundo clamou por sua volta e Geoff Johns na categoria de melhor escritor de super-heróis de sua geração impôs a presença de Hal Jordan como o Maior Lanterna Verde de Todos os Tempos, encerrando uma batalha de fãs que durou mais tempo que devia. O autor mostra o piloto de testes que age por impulso, não segue ordens e faz sucesso com as mais ardentes mulheres do pedaço. Antigas profecias de Alan Moore são resgatadas, e com o renegado Sinestro, a força do anel amarelo, caos e ordem, medo e coragem, e a questão se Mogo pode ou não socializar no final de tudo, o Lanterna Verde dita as ordens pelo espaço sideral.


NOVOS TITÃS 51

Eles são a próxima geração de heróis do Universo DC, adolescentes lidando com vida, morte, corações partidos e hormônios fora de controle. Os Novos Titãs recebem novos membros, inclusive uma certa prima vinda de Krypton, e honram a queda de mais um amigo que partiu. Histórias infelizes que podem ter sido escritos um mês antes podem ser consertadas a qualquer momento, e um ideal maior é alcançado. Escritores falam mais alto que limitações de gênero, formato ou linha editorial. Asa Noturna, Batman e os Renegados sofrem nova reviravolta, e o imortal desenhista Jim Aparo é honrado. Com Geoff Johns, Sean McKeever e George Pérez envolvidos, tudo isso já devia estar sendo orquestrado há muito tempo.


PRELÚDIO PARA CRISE FINAL 1

Temas lançados da maxissérie experimental 52 voltam a ganhar força pelas mãos de autores de talento, revelando novas faces do Universo que pode se reformular sozinho num processo constante. Keith Giffen retrata um ângulo inusitado de Clark Kent, ao lidar com os Quatro Cavaleiros da Destruição, e brinca com a dinâmica dele com Batman e Mulher-Maravilha. A Trindade revela um significado ainda mais superior a cada interpretação. E o genocida Adão Negro deixa claro para o mundo que dizimar países inteiros é pouco diante de seu ódio. Peter J. Tomasi e Doug Mankhe são dignos de louvores por mesclar isso com as personalidades bem definidas dos membros da Sociedade da Justiça e a beleza hipnótica das formas perfeitas de uma mulher nua que abala as convicções de mortais, deuses ou entidades superiores.


SUPERMAN & BATMAN 36

A figura cada vez mais ameaçadora do outrora patético Dr. Luz enseja movimentos de Bruce Wayne e Clark Kent, num título que explora as diferenças e particularidades entre os Melhores do Mundo, com texto acertado da dupla de roteiristas conhecidos como DnA. Tony Bedard e o também brasileiro Paulo Siqueira adotam a Canário Negro e deixam claro que as garotas do Universo DC sempre foram sexy, malvadas e cruéis no momento oportuno sem repetir frases prontas de seriados televisivos. E "O Bravo e O Audaz", de Mark Waid e George Pérez ganha casa nova, sem dúvidas de que nesse Universo, heróis num objetivo comum nem precisam brigar antes pra descobrir que é melhor apertar as mãos para fazer o que é certo.

DC SETENTA ANOS 1 – AS MELHORES HISTÓRIAS DO SUPERMAN

Vivemos num Universo sem regras há 70 anos. Ele pode ser chamado de Clark Kent, de Superman, Super-Homem ou Kal-El. Também de Último Filho de Krypton, Homem do Amanhã, Viajante das Estrelas ou Filho de Jor-El. Ele iniciou tudo. E ele foi a personificação do sonho de dois adolescentes de Clevelad, Ohio, que enfrentaram o mundo e venceram, e que hoje é mais real do que tudo. Jerry Siegel e Joe Shuster triunfam agora. Ele não pode ser contido por força alguma em multiversos de amor, ódio, redenção e coragem. Um escritor com dois L´s no primeiro nome e um “S!’ no centro afirmou uma verdade imutável. Jim Steranko postulou que, em A´dam´mkent+477SpMN, À Beira da Eternidade, poderemos ser todos super-homens.

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